quinta-feira, 25 de setembro de 2014

MENINAS MÁS (parte 13)

Ficou combinado que Gabi passaria em minha casa por volta das dez horas da noite. Minha mãe estava super contente por estarmos amigas outra vez, o que não era bem verdade. Prendi o cabelo, comprei uma roupa nova e me maquiei. Eu havia dito para Gabi que não desejava ser vista nem por Sarah e Vanusa ou seria expulsa da festa. Ela me respondeu que provavelmente elas já estariam bêbadas quando chegássemos e teria tanta gente que seria fácil de eu me esconder.

O pai da Gabi nos deixou pontualmente às 23h30 na frente do belo edifício da Sarah. Ela morava no 17º andar e a vista devia ser impressionante. Eu estava com as pernas tremendo enquanto subíamos no elevador. Gabi nem reparou. Ela parecia muito contente em estar comigo de novo. Para mim nada havia mudado. Gabi continuava a traidora de sempre.

A festa era mesmo chique. Tinha um casal na porta que conferia se as pessoas tinham a fita rosa neon, o passaporte para entrar no apê. Como Gabi tinha dito, Sarah e Vanusa estavam bebendo todas. Gritos e performances faziam parte do show delas. Descobri que Mateus estava na festa. Ele me ignorou por completo e eu nem me importei. Não era meu foco.

− Eu vou lá me mostrar para elas. Depois eu falo com você.

Eu me esgueirei por trás de outras pessoas. Havia uma grande mesa com salgadinhos, doces e bebidas. Peguei um refrigerante e me afastei o máximo possível das duas.

Sarah e Vanusa mal deram bola para Gabi. Ela voltou amuada para o meu lado e não comentou nada. Aproveitei e tirei várias fotos com o celular.

− O que você está fazendo? – perguntou Gabi franzindo a testa.
− Registrando alguns momentos. Faça de conta que você não está vendo nada.

Alguns meninos se aproximaram de Gabi, mas ela os ignorou por completo. Um adolescente bêbado veio para o meu lado e eu lhe dei um empurrão. Naquele momento Vanusa resolveu fazer um streap-tease. Nem acreditei. Resolvi filmar. Antes ela cheirou uma carreira de cocaína na frente de todo mundo e foi aplaudida. Meu Deus, onde eu estava?

Gabi ficou trêmula. Me deu um beliscão no braço e disse:

− Vamos sair daqui.

Ela me levou até a cobertura. Pelo visto Gabi já conhecia bem o lugar. Nos sentamos em um canto escondido. Havia algumas pessoas ali. A maioria bêbada. Gabriela começou a chorar.

− Desculpe, Paulinha. Eu não devia ter trazido você aqui.

Sinceramente, eu não me importava mais. Já havia registrado o que eu queria e em breve daria um jeito de divulgar, mesmo que eu fosse descoberta e responsabilizada por isto.

− Tudo bem. Me surpreende você ser amiga destas vacas e se misturar com este tipo de gente.
− Não, isto acabou. É sério. Não quero mais a amizade delas. Vamos voltar a ser amigas, Paula? Juro que vou respeitar Aline e não vou ignorá-la mais.

Olhei para Gabi. Não sabia se acreditava ou não.

− Até aparecer outra pessoa mais legal que eu e você me trocar de novo.
− Não! Isto não vai acontecer nunca mais! Veja – e ela fez um amplo gesto à frente. – Este aqui não é o meu mundo. Sério, nem sei por que vim.

Aos poucos fui ficando com pena dela. Gabriela não passava de uma trouxa sem personalidade alguma. Se deixara levar por duas deslumbradas vazias e que gostavam de consumir drogas, beber horrores e tirar a roupa em público. Agora estava arrependida. Bem feito.

− Você me perdoa?
− Não sei. Vou pensar.

Ficamos por um bom tempo lá. Ora conversando, ora em silêncio. Lá de cima escutávamos a gritaria. Quem subia para a cobertura geralmente estava bêbado e nem se dava conta da nossa presença. Melhor assim.


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