sábado, 11 de junho de 2016

CURTINDO A VIDA SEM NOÇÃO (parte 2 de 2)




Carol se sentia elétrica, pelo efeito da cocaína e pela presença de Tiago tão perto. De repente ela estava mais corajosa, ousada. Viva. Sem pensar, colocou a mão na perna musculosa de Tiago. Ele sorriu. Andou com o carro mais alguns metros e pegou uma estrada vicinal não muito frequentada. Naquele momento o celular de Carol começou a berrar.

— É o trouxa do seu namorado?

Carol riu alto. Tiago era mesmo o máximo.

— Ele mesmo! ─ Carol consultou o visor, rindo debochada. — Vou desligar esta merda.

Tiago parou o carro. Estava escuro, mas Carol não sentiu medo. Pelo contrário, se sentia excitada. O rapaz avançou por cima dela, cobrindo-a totalmente com seu corpo. A moça levou um susto, mas a sensação passou logo. Puxa, Tiago era mesmo impetuoso. A calça jeans foi abaixada rapidamente e a calcinha arrancada sem dó. Carol gemeu. Nunca Victor a tratara daquele jeito tão selvagem. No fundo sempre desejara isto do namorado, contudo ele era bobão demais para ser tão atrevido. Tiago não era assim. Ele queria tudo e mais um pouco e Carol cedeu. Quando acabou percebeu que não sabia nada de sexo até aquele momento. Enquanto Tiago cheirava mais uma carreira atirado sobre o encosto do banco do carro, ela perguntou ansiosa:

— Você curtiu?
— Hein?
— O que você achou de mim?

Ele estava mais preocupado em cheirar do que olhar para a cara de Carol.

— Foi bom.

Só bom?

— Eu adorei.

Tiago ficou em silêncio. Ajeitou as calças, a camisa e os cabelos. Quando deu a partida na caminhonete, Carol perguntou curiosa:

— Para onde vamos? Você não vai me levar para casa agora, né?
— Claro que não. Vamos dar uma volta na praça. Não quer ver seus amigos e o corno do seu namorado por lá?

Era tudo o que Carol queria, alucinada como estava.

— Vamos lá!

Tiago não tinha medo de altas velocidades. Carol sim. Porém, naquela noite as coisas aconteciam de maneira vertiginosa. Tiago, cocaína, sexo selvagem. Aquela não era sua vida. Não importava. Carol se agarrou na oportunidade que lhe surgira para viver tudo o que tinha direito de uma vez só. Tiago não a procuraria novamente se Carol não fosse uma pessoa legal e divertida. Era exatamente assim que ela se sentia, muito descolada.

A caminhonete seguiu pelas ruas da pequena cidade a mais de 100 quilômetros por hora. Carol gritava, agitada, os cabelos voando. Tiago parecia estar gostando daquela loucura toda. Bem, ele era louco mesmo. Cheirado, pior ainda. A praça surgiu iluminada e animada aos olhos dos dois. Carol se perguntou o que Victor estaria achando do seu sumiço. Ah, ele ficaria muito bravo quando a visse com Tiago. E idiota como era, engoliria a seco a ousadia da namorada. Ou ex.

— Estou vendo eles ─ apontou ela aos berros. — Passe por lá, quero rir da cara daqueles babacas!

Sem pensar duas vezes, Tiago acelerou mais. De repente a praça silenciou. Os jovens que lá estavam ficaram mudos quando perceberam a aproximação da caminhonete em alta velocidade e as luzes do farol piscando loucamente. Carol pôs metade do corpo para fora da janela quando chegou perto dos amigos. Ao vê-los, bateu com as mãos na lataria do veículo, fazendo um estardalhaço dos grandes.

— Fala aí, seus panacas! Ei, Victor! Olha eu aqui!

Da turma ninguém foi capaz de falar nada. Victor esbugalhou os olhos. Era nítido que a namorada estava alterada. Como ela fora parar no carro daquele delinquente drogado? Ele chegou a pensar em pegar a moto e ir atrás. Desistiu da ideia quando se deu conta do ridículo que seria. Ora, que Carol se estrepasse.

Carol voltou para dentro do carro e perguntou quase salivando:

— Você viu a cara deles, Tiago?
— Você arrasou, garota! Vamos voltar!
— Uhu!

Aquela noite jamais seria esquecida por ela. A caminhonete novamente começou a dar a volta na praça. Carol pôs o corpo para fora, louca para afrontar sua ex-turma de amigos. Claro, porque depois daquilo tudo ela faria parte da gang dos amigos de Tiago. Que máximo!

— Ei! ─ berrou ela. — Vocês não são de nada, seus merdas!


Carol não percebeu que Tiago dirigia muito rente ao meio fio. Nenhum dos dois reparou que havia um poste na calçada e quando a garota se deu conta era tarde demais. Não deu nem tempo de gritar ou de Tiago frear. O rapaz fugiu com o corpo de Carol pendurado para fora da caminhonete. A cabeça de Carol rolou na calçada e foi parar em um jardim com flores. A mais louca noite da sua vida terminou ali.

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