sábado, 17 de junho de 2017

MEU CHEFE É UMA LOUCURA (Cap. 2)



A porta do quarto foi aberta de repente e eu levei um susto. Disfarcei e minimizei o texto antes que minha mãe descobrisse que meu vício do momento era escrever contos de putaria para a internet.

− O que foi, mãe?
− Seu celular fez um barulhinho. Acho que alguém está tentando falar com você.
− Obrigada, vou olhar depois – agradeci, desejando que minha mãe vazasse do meu quarto de uma vez. Meu conto estava em um ponto crucial e ser interrompida naquele momento me deixou ligeiramente aborrecida.

Peguei o celular e o coloquei em cima da penteadeira. Tentei me concentrar outra vez no texto, mas aquela pausa fez minha criatividade se perder em algum ponto da minha mente. Fiquei olhando para a tela do meu notebook, tentando encontrar um final excitante para a história. Não consegui.

Prazer, meu nome é Valdirene da Silva. Mas os mais chegados me chamam simplesmente de Val. Val. A moça sem graça e tímida, desempregada há meio ano. Val, a moça sem namorado e que passa a maior parte do tempo sonhando acordada, esperando que o príncipe encantado bata a sua porta. Não precisa vir de cavalo. Eu topo uma Mercedes.

Prazer, meu nome é Samanta Hot. O que eu faço? Escrevo contos eróticos. Enquanto Samanta Hot sou um sucesso. Minhas histórias picantes fazem sucesso na internet. Recebo elogios, convites para sexo selvagem e perguntas indiscretas. Sim, meus eróticos leitores imaginam que os textos que escrevo são uma espécie de autobiografia. Não são. Tudo não passa de uma mente extremamente criativa, que precisa pôr para fora tudo aquilo que parece transbordar. Eu poderia escrever sobre muitas coisas. Amor, romance, terror, suspense, aventura. Optei por putaria e sacanagem. E me dei bem. Mas não fiquei rica. Preciso desesperadamente de um emprego antes que minha mãe vá à falência.

Este é o meu grande segredo. Ninguém pode saber que a desajeitada Valdirene da Silva é a escaldante Samanta Hot. Que vergonha... Minha mãe sofreria um AVC se descobrisse do que é capaz de sair de dentro da minha cabeça com tamanha riqueza de detalhes. E com que cara eu iria olhar para a vizinhança, parentes, ex − colegas de trabalho? Nunca. Samanta Hot morrerá junto com Valdirene da Silva, a santa.

Valdirene da Silva, a virgem. Que isto não se espalhe. Tenho 30 anos. Quase nenhum namorado, muitas decepções, sexo nenhum. Sim, já cheguei perto. Estive na mesma cama que um homem, eu devia ter uns 20 anos. Eu era mais bonitinha, mais graciosa, mais alegre.  E Interessei-me pelo cretino-mor do bairro, o Jair.

Considero isto a maior cagada da minha vida. Acreditei que o desgraçado estava afim de mim também. O Jair já tinha comido mais da metade do mulherio do bairro. Acho que só faltava eu. E, como trouxa que era, caí bem certinho na lábia dele. Palavras bonitas ditas no meu ouvido tiveram o poder de me encantar. Quando me dei conta estava completamente envolvida e pronta para transar. Pelo menos era o que eu achava.

Fui para os finalmentes com ele muito rápido. Pudera, eu estava louca para perder minha virgindade. Provavelmente a última virgem do bairro era eu.  O Jair tinha muita experiência na área e decidi que seria com ele, na falta de coisa melhor. Lembro-me como se fosse hoje. Chegamos na casa dele, um sábado de tarde, e o cara não estava disposto a perder tempo. Foi logo tirando a roupa e arrancando a minha. Confesso, fiquei meio assustada, mas não podia recuar. Quando eu estava só de calcinha e com os peitos de fora, o Jair tirou a cueca samba canção.

Dei um grito.

Aquilo não podia ser de verdade. O Jair era um verdadeiro tripé. Imaginei aquela coisa entrando em mim, me rasgando, me deformando. O Jair levou um susto com meu berro e brochou na hora. Aproveitei aquele momento de constrangimento e me vesti correndo. Ele não fez nada para impedir. Ficou sentado na cama, com seu enorme pau agora murcho, observando-me sair porta afora para nunca mais.

Aquilo me marcou profundamente. Por semanas temi que o Jair abrisse a boca e revelasse meu fiasco. Mas ele nunca fez nada. Manteve silêncio sobre o fato e continuou comendo quem aparecesse na frente dele. Tive outros namoradinhos. Beijei na boca, mas sexo... Acabava com qualquer tipo de relacionamento quando as coisas estavam se direcionando para isto. E assim cheguei aos 30 anos. Virgem, subindo pelas paredes e louca para dar.


Ah, como eu queria ser depravada como a Samanta Hot!

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